“Miniatura de um paraíso abrigado entre as austeras serranias mineiras“
Rui Barbosa
Chamada de Princesinha de Minas, a cidade à beira do Caminho Novo foi fundada em 27 de julho de 1889, Santos Dumont é uma cidade mineira com pouco mais de 46 mil habitantes localizada na Zona da Mata mineira, próximo à Juiz de Fora e Barbacena. Sua história mistura-se com a história da Estrada Real, que foi responsável pelo crescimento da região.
O Caminho Novo
Com a descoberta de ouro pelos bandeirantes, no final do século XVII, criou-se um cinho que se iniciava em Parati-RJ, passando por Guaratinguetá e Taubaté-SP, e avançava a então província de Minas Gerais, conhecido como Caminho Novo. Com o aumento da exploração das minas de ouro e as dificuldades para se percorrer esse trajeto, se fez necessário encurtar as distâncias entre o Rio de Janeiro e o interior, o que facilitaria o transporte e conseqüentemente a fiscalização. Por volta de 1700-1701, o sertanista Garcia Rodrigues Paes, partiu do Rio de Janeiro para desbravar o território mineiro e abrir o Caminho Novo, que mais tarde passaria a ser chamado “Estrada Real da Corte”, ligando a Corte à Província de Minas Gerais. Para permitir o povoamento da região, a Coroa Portuguesa distribuiu sesmarias a nobres e súditos.
O Arraial de João Gomes
Como forma de incentivar o povoamento em torno do Caminho Novo, a Coroa Portuguesa distribuiu sesmarias para nobres e súditos que prestavam serviços a ela. Assim, Domingos Gonçalves Ramos requereu em 26 de fevereiro de 1709 uma sesmaria na região. Como primeiro dono da terra, Domingos Gonçalves Ramos não tardou em ocupá-la, trazendo consigo sua família, escravos e seus dois genros, Pedro Alves de Oliveira e João Gonçalves Chaves.
Na divisão desta sesmaria Pedro Alves adquiriu a parte sul e João Gonçalves Chaves em 1715 empossa-se da sesmaria da parte norte, permanecendo na mesma até 1728. Vendendo-a à João Gomes Martins e sua esposa Clara Maria de Melo, os quais vieram a se tornarem personagens de suma importância para a história do município.
Desta forma, o nome de João Gomes marcou, portanto, a história do município, tendo sua sesmaria um papel fundamental na formação e ocupação da cidade, na qual ficaria conhecida inicialmente como Rocinha de João Gomes, passando a Fazenda de João Gomes, Distrito de João Gomes, João Gomes Velho, Palmyra e atualmente Santos Dumont.
João Gomes e sua esposa trouxeram de sua freguesia originária de Portugal uma imagem de São Miguel e Almas para sua fazenda, construindo entre 1729/1730 em sua propriedade uma Capela de adobe para abrigar a imagem do Santo. Em 1850 a imagem foi transferida para uma Igreja de duas torres. Com um impulso em seu crescimento o distrito de João Gomes foi elevado à categoria de Paróquia segundo a Lei nº 1458 de 31 de dezembro de 1867.
Palmyra
Além da importância verificada pelo traçado do Caminho Novo, outro meio de acesso ao interior mineiro que contribuiu com o desenvolvimento da cidade – entorno de 1870 – foi à construção do ramal da estrada de Ferro D.Pedro II, que passava na região. Por conseqüência desta construção, foi nessa época que o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont veio para a região com sua família para realizar a empreitada de construir este ramal, que iria ligar o trecho Mantiqueira a João Aires. Neste local Henrique Dumont “escolheu uma casa de propriedade da própria Ferrovia, de estilo palafita, e nela acomodou sua família bem próximo do canteiro de obras da Ferrovia” (Castello Branco, 1988, p. 47).
Outro fator de fundamental importância para emancipação do município foi a criação do Clube Recreativo e Literário João Gomes que tinha como objetivo, pressionar as autoridades provinciais para a necessidade da autonomia administrativa do Arraial.
A autonomia administrativa foi conquistada em 27 de Julho de 1889, quando “o Barão de Ibituruna, último presidente da Província de Minas Gerais, baixou a Lei nº 3.712 que criou o município de Palmyra” (Castello Branco, 1988, p. 55). Porém a instalação do município ocorreu somente em 15 de Fevereiro de 1890, com a designação dos membros que comporiam a Intendência.
Nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX, o município recém-emancipado passou por algumas transformações que modificaram suas feições de Arraial: desvios de águas pluviais e alinhamento das ruas (1890), iluminação Pública à querosene (1891), água potável à domicílio (1898), iluminação pública elétrica (1912), etc. A população local cresce. E em seu meio se fazia um expressivo número de imigrantes, em especial portugueses, italianos e libaneses.
Paralelo a esse desenvolvimento, o início de século XX significou para o novo município a sua consolidação como Centro Regional de Comércio, de produção industrial diversificada e, sobretudo, de pólo de criação pecuária leiteira. No final do século XIX, a cidade era conhecida como Palmyra e chegou a abrigar a primeira fábrica de laticínios da América do Sul, que ainda existe e se encontra dentro de uma propriedade particular.
Santos Dumont
Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra passa a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao seu filho mais ilustre, que havia falecido dias antes, em 23 de julho. O inventor Alberto Santos Dumont, considerado o inventor do avião, que nasceu na Fazenda de Cabangu.
Atrações Turísticas
A 16km do centro da cidade, foi criado pelo Historiador Oswaldo Castello Branco na Fazenda onde Alberto Santos Dumont Nasceu, o Museu de Cabangu onde está a Casa de Santos Dumont e o acervo fotos de todos os seus experimentos.
No Centroo da cidade de Santos Dumont, além do busto do inventor existe também uma Réplica da Torre Eiffel em homenagem ao voo com o dirigível em torno da Torre. E uma estátua de corpo inteiro em um dos bancos da Praça Cesário Alvim.
Os vagões do Restaurante do antigo Trem de Prata composto pela belíssima e imponente Locomotiva N° 370 “Zezé Leone” que estão estacionados na estação da antiga linha da Central do Brasil onde já funcionou um Restaurante.
Calçamento original da Estrada Real com 10Km de extensão localizado sentido Antônio Carlos, na altura da Fazenda da Mantiqueira, também conhecida como “Serra do Navio”, neste local estão preservados dois chafarizes que serviam para a parada dos tropeiros.
Uma réplica do Avião 14 Bis na entrada Sul da cidade.
Santuário São Miguel, a pequena igreja construída por João Gomes, que ficou maior, se tornou paróquia e recentemente em 2023 foi elevado a categoria de Santuário Arquidiocesano recebe fiéis de váris lugares do país. No santuário é possível conferir além das belíssimas imagens, duas que são históricas, a que foi trazida de Portugal por João Gomes nos anos 1700 e outra com 2 metros de altura que é feita de papel marche e atualmente ocupa a parte central do altar do santuário.
Belezas Naturais
Parque da Lagoa: são 65 alqueires de mata nativa, abriga uma rica flora e fauna. Formada pelas águas do Rio Pinho há as Corredeiras Luiz Cunha e Tico-Tico. Para os visitantes se refrescarem, a Cachoeira da Fumaça é a considerada a mais bonita do município.
A Represa da Ponte Preta é formanda pelas águas do Rio Pinho. No período do verão, é bastante visitada, onde as pessoas vão nadar, soltar pipa, andar de barco, jetsky, pescar e acampar. No local também são realizados eventos offroad nas épocas de vazante da represa.
A Represa de Chapéu D’Uvas que permite a pesca esportiva e o turismo de aventura na região, a represa ainda conta com a Matriz em ruínas do distrito de Velha Dores que está cercada pelas águas do Rio Paraibuna.
As cachoeiras mais famosas são:
- Cachoeira Petrominas: com uma pequena queda, formando uma hidromassagem natural, seguida de um pequeno lago. Logo abaixo, possui outra queda, com 3m e um lago.
- Cachoeira da Fumaça: em Conceição do Formoso, é formada pelo Rio Formoso, sendo considerada a mais bonita da cidade com uma queda de 7m de altura.
- Cachoeira da Tapera: está em propriedade particular e fica após uma trilha de 2km depois das corredeiras Tico-Tico.
- Cachoeira de Campo Alegre: no distrito de Campo Alegre, após a represa da Ponte Preta.
Das corredeiras, destacam-se:
- Luiz Cunha (que fornece água para a COPASA);
- Tico-Tico;
- Patrimônio dos Paivas: com 11m de largura, rasa, onde a água desce suavemente por 30 metros, desembocando em um pequeno lago.
O distrito de Conceição do Formoso que é caracterizado pelas belezas naturais com montanhas, cidade pacata com casario barroco e rural da época, além de belas cachoeiras, sendo a mais famosa Cachoeira da Fumaça, que encantam os visitantes.
A gastronomia é conhecida pelo seu Doce de leite Borboleta e o Queijo do Reino que é famoso e compõe o Mapa Gastronômico de Minas Gerais e o Programa Terroirs da Estrada Real. Enfim, venha se deliciar e conhecer nossa cidade!