A Rádio Cultura há tempos se preocupa com a situação pela qual vem passando o Museu de Cabangu, há quase um ano atrás os jornalistas Sérgio Rodrigues e Alessandra Batista estiveram lá, antes das comemorações do 23 de outubro conversando com Tomás e Mônica Castelo Branco sobre a situação em que se encontrava o museu à época, e de lá pra cá nada mudou.
Na última segunda-feira (10), Tomás Castello Branco, presidente da Fundação Casa de Cabangu que é a organização mantenedora do museu, postou em suas redes sociais um vídeo em que fala sobre a atual situação do museu, e a possibilidade de fechamento se algumas questões não forem resolvidas.
Em uma entrevista exclusiva à Rádio Cultura nesta quinta-feira (13), Tomás contou com detalhes e muita emoção como está a atual situação do museu:
Com o grande incêndio do Museu Nacional que dilapidou grande parte da história não só do país mas da humanidade, nossos olhares se voltam mais uma vez para o Museu encravado na Serra da Mantiqueira, de importância internacional devido a grande relevância de seu filho ilustre para a humanidade. E a cada ano a esperança que chega com os agraciados da Medalha Santos Dumont se vai junto com elas:
Para se entender o momento em que passa o Museu de Cabangu é necessário antes entender como funciona a sua estrutura, que apesar de mantido pela Fundação Casa de Cabangu também recebe apoio da Escola Preparatória de Cadetes de Ar (Epcar) de Barbacena e também da Prefeitura Municipal de Santos Dumont:
Sem receber os repasses do acordo assinado com a prefeitura, os funcionários do museu estão com salários atrasados, e atualmente estão trabalhando sem receber, mas a situação está se complicando cada vez mais:
O governo do estado conta com o ICMS Patrimônio Cultural, um programa de incentivo à preservação do patrimônio cultural de Minas Gerais, por meio de repasse de recursos para municípios que preservam seu patrimônio e suas referências culturais através de políticas públicas relevantes. O programa busca também o fortalecimento dos setores responsáveis pelo patrimônio das cidades e de seus respectivos conselhos, uma vez que incentiva ações conjuntas entre estes e as comunidades locais. De acordo com o site da Fundação João Pinheiro, dentro da categoria de Patrimônio Cultural foram feito os seguintes repasses para o município:
Mês | Janeiro | Fevereiro | Março | Abril | Maio | Junho | Julho | Total |
Patrimônio Cultural | 16.951,59 | 13.403,97 | 13.293,13 | 14.604,40 | 16.627,58 | 12.667,02 | 14.938,40 | 102.486,09 |
Mas de acordo com o presidente Casa de Cabangu, neste ano a prefeitura ainda não arcou com nenhuma das parcelas acordadas com a fundação:
A Fundação atualmente busca meios de conseguir manter o acervo e tem como projeto criar o “Amigos do Museu” para assim cada cidadão que se sentir sensibilizado com a situação do museu possa dar a sua ajuda:
O museu conta com alguns projetos, inclusive para restaurar partes que atualmente estão fechadas ao público, mas a falta de repasse da prefeitura faz com que os funcionários do museu não sendo pagos a Fundação fique inadimplente com as obrigações fiscais, o que inviabiliza a aprovação de recursos para tirar os projetos do papel:
O Museu de Cabangu guarda a história do homem Santos Dumont, não como o aeronauta que colocou o mais pesado que o ar em movimento. Sensibilizados a população busca maneiras de ajudar o museu:
Mesmo com problemas estruturais e financeiros o Museu de Cabangu atrai turistas, centenas de pessoas passam lá todos os meses.
A Rádio Cultura não vai deixar essa história morrer, que o fogo que consumiu o Museu Nacional possa acender em nós o amor pelo nosso patrimônio e que ele possa subsistir e servir de legado para aqueles que virão de nós.