Presidente de um dos grupos de maior sucesso no Brasil e com previsão de faturamento de R$ 4,5 bilhões em vendas para 2017, Romeu Zema Neto herdou de seu pai um grande empreendimento e conseguiu transformá-lo em um negócio ainda mais lucrativo.
Romeu conta que a empresa começou com o seu avô, na década 1920, quando ele mudou-se para Araxá, cidade no interior do Estado. O primeiro empreendimento foi um posto de gasolina para suprir o racionamento de combustível da região. E assim começou a história do grupo Zema que, atualmente, possui mais de 700 lojas espalhadas por municípios do interior de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santos, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.
O Edição do Brasil conversou com Romeu Zema Neto, o terceiro da geração da família que comanda a empresa de mesmo nome.
Como foi o início do negócio da família?
O desenvolvimento da companhia começou na gestão do meu pai, que tem visão empresarial e eu dei continuidade. Existe uma grande responsabilidade, porque enquanto criança sempre fui o filho do Ricardo e, hoje, ele é o pai do Romeu.
A empresa passou por vários momentos de crise, como o Brasil. Como vocês conseguiram contornar isso?
A empresa foi fundada em 1923, passou pela recessão de 1929 – a maior crise econômica do mundo -, segunda guerra mundial, além de todos esses problemas pelos quais o país já viveu. Eu diria que é uma questão de garra, trabalho duro e ser conservador, pois o Brasil é muito instável e ter essa característica é imprescindível.
Durante a história do Grupo Zema houve um momento em que os negócios eram bem diversificados. Nos anos 2000, vocês focaram apenas em três ramos. Isso foi fundamental para o cenário atual?
Foi. Os negócios vivem ciclos e durante a década de 1970 e início de 1980, muitas empresas diversificaram. Por exemplo, o Bradesco tinha fazenda e a Volkswagen fazia atividade florestal. Eles tinham uma forma de variar o capital que era viável na época, porque o Brasil era um país muito fechado, não precisava ser tão especialista naquilo que se fazia e meu pai aproveitou a onda. Durante os anos 1990 vimos que tínhamos de ficar bons em poucas coisas e foi isso o que fizemos. Hoje, temos duas atividades – distribuição de combustível e as lojas de eletrodomésticos – que correspondem a 98% do faturamento.
Há um caminho a ser trilhado para quem quer ter sucesso em seu empreendimento?
Eu sempre fui da seguinte linha: temos que aproveitar as oportunidades ao máximo. Então quando eu era estudante, fiz a melhor faculdade e, dentro dela, fui um dos melhores alunos. Além disso, por ter convivido com o meu pai, ele me inspirou bastante. E é lógico que não posso deixar de fora a nossa equipe, pois temos pessoas muito comprometidas. Fora isso, estamos abertos a coisas novas, pois não nos consideramos os donos da verdade, afinal, o mundo está sempre mudando e o que deu certo no passado pode não ser o correto hoje. É por isso que o empresário deve ser flexível e manter a mente aberta.
Quais são as diferenças de se empreender no interior?
No interior, se conhece todo mundo, é aquele tipo de relacionamento no qual você vai até a casa da pessoa tomar um café. Eu sou acostumado e me identifico com isso. Nas nossas lojas, o cliente recebe um atendimento mais próximo dos nossos colaboradores que, na maioria das vezes, o conhece, porque ele volta todos os meses para pagar o carnê e comprar novamente. Quando adquiri-se algo aqui em BH, ninguém conhece o cliente e quando ele volta, não vai ser lembrado pelos vendedores.
Existe o plano de expandir as lojas para as regiões metropolitanas e capitais?
Não. Ainda há muitas cidades no interior que são carentes desse tipo de serviço e nós somos especializados nisso. É igual um médico cardiologista: se há pacientes para operar, por que trocar de especialidade? Então, não há nenhuma possibilidade, por hora, de começar algo que não conhecemos.
Loraynne Araujo
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Sérgio Rodrigues – Jornalista