O recém-inaugurado Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça localizado na Universidade Federal de Lavras (Ufla), recebeu mais de R$ 3,7 milhões do Governo de Minas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), para sua estruturação.
Quando estiver em pleno funcionamento, o Centro será capaz de prestar assistência não só aos produtores de cachaça da região, mas de todo o estado e do país.
“A Fapemig sabe que, no caso da estruturação de um laboratório para ser referência no estado em análises para cachaças, haverá impacto das mais variadas formas. Teremos um produto mineiro com cada vez mais qualidade, impactando diretamente a economia de Minas, do grande ao pequeno produtor, as comunidades que vivem da produção da cachaça, as indicações geográficas, entre outros processos de certificação de qualidade”, ressalta Marcelo Speziali, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig.
Para a aquisição e manutenção do registro das cachaças pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é necessário comprovar a qualidade da bebida e, portanto, a realização de análises físico-químicas e cromatográficas torna-se indispensável.
Criar ferramentas que possam contribuir com a valorização da cachaça foi a semente para Maria das Graças Cardoso, pesquisadora que coordena as pesquisas com cachaça há mais de 25 anos, iniciar o desenvolvimento do Centro de Referência de Análise da Qualidade da Cachaça.
“Temos uma bebida tradicionalmente mineira. A cachaça de Minas é reconhecida e apreciada em todo o Brasil, e também mundo afora. É muito importante esse processo de certificação para atestarmos que o produto que Minas fabrica é de qualidade. Isso traz credibilidade e segurança para nosso setor produtivo, além de nos colocar como produtores de primeira linha”, destaca o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
O centro compreende um grande complexo de laboratórios onde são desenvolvidas as análises e pesquisas referentes a origem e formação dos principais congêneres e contaminantes da bebida. “Pesquisamos de onde vêm e como podemos controlar os contaminantes mais frequentes, ” destaca Cardoso.
Critérios de avaliação
Apesar de Minas Gerais ser líder em número de estabelecimentos registrados, ainda há muitos produtores que trabalham na informalidade. Dentro deste cenário, o Centro de Referência torna-se essencial para a regularização desses pequenos produtores, uma vez que tem capacidade para emitir laudo sobre os 20 Parâmetros de Identidade e Qualidade, adotados pelo Mapa para registrar uma cachaça.
“Todas as análises são realizadas por servidores capacitados, são aferidas, feitas em triplicatas e com muita segurança. Ao final, destacamos se a análise atende ou não aos parâmetros. Quando não atende, nós conversamos com o produtor e fazemos uma consultoria de forma gratuita para que o produto seja refeito dentro dos parâmetros estabelecidos”, destaca a pesquisadora.
O laudo emitido é uma garantia da qualidade da bebida do produtor. Sem ele, não é possível registrar a bebida no Mapa, pois o fabricante não consegue comprovar que seu produto está sendo analisado e está dentro dos padrões.
Para diversificar a fabricação de bebidas derivadas da cachaça, como bebidas alcoólicas mistas e licores, e na maturação ou envelhecimento, as análises também precisam estar dentro dos parâmetros. Sem essas análises, não há garantia de que o produto final não esteja contaminado.