O governo francês se disse disposto a contribuir para a restauração do Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído no domingo (2) por um incêndio. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian.
“No momento em que todo o Brasil está comovido, a França está disposta a ajudar a restaurar o Museu Nacional”, afirmou Le Drian nesta terça-feira (4) durante um discurso no museu do Louvre Abu Dhabi. “Eu desejo fazer um preâmbulo para expressar a solidariedade das autoridades francesas ante o trágico incêndio que devastou no domingo outro lugar cultural excepcional”, disse.
Além de arquivos que contavam a história brasileira, no Museu Nacional havia peças que contribuíam para a recapitulação do passado da humanidade, como o fóssil de Luzia, crânio humano mais antigo das Américas. A historiadora do Instituto de Altos Estudos da América Latina de Paris, Juliette Dumont, afirma que falta ao Brasil uma consciência da importância da preservação do patrimônio.
“Foi uma tragédia anunciada”, afirma Juliette Dumont, que também é presidente da Associação para a Pesquisa sobre o Brasil na Europa. Sua voz se junta a de tantos outros na denúncia de uma ausência de investimentos na área da cultura e da educação, deixando as instituições em péssimas condições de infraestrutura.
“Meus colegas estão todos publicando testemunhos nas redes sociais, de várias partes do Brasil, relatando que os museus estão caindo aos pedaços. Tem um discurso político de negligência com historiadores. Para mim, cultura e educação são essenciais e isso é só mais um sinal de que a democracia brasileira não está bem”, afirma a historiadora. “Espero que essa seja a ocasião dos candidatos à presidência falarem do programa para a cultura e a educação, o que por enquanto não foi feito. Enquanto isso, o diretor da Capes já alertou que, a partir de 2019, as bolsas para a pós-graduação não serão pagas.”
Para Juliette, o incêndio foi resultado da união entre a falta de políticas contínuas para a preservação do patrimônio histórico e o congelamento de verbas para a cultura e para a educação. “O Brasil tem arquivos magníficos, como o do Itamaraty, no Rio de Janeiro, mas é somente por causa de funcionários muito dedicados que isso ainda funciona. Não é nem por vontade política, nem por uma consciência da sociedade brasileira sobre o valor da cultura, da história, do patrimônio”, explica.