Bom dia, caríssimos!
Espero que todos estejam bem, o quanto possível for, neste momento de grave crise, agora também institucional, em que o País mergulhou.
Já, por diversas vezes, eu procurei intervir no sentido de apaziguar os ânimos em decorrência das paixões que emergem à direita e à esquerda do espectro político e suas ideologias.
E não o fiz como se desejasse apresentar uma alternativa conciliatória mais ao centro, do tipo “moderado ‘isentão’”.
Não! Muito pelo contrário. Apontei, com razoável lógica, raciocínios embasados numa franca análise do paradigma de uma época inteira, chamada modernidade do ponto de vista da “História do Conhecimento”.
Para quem não sabe, a História do Conhecimento não se trata pura e simplesmente de conhecimento da História, como anotada tradicionalmente pela cadeira acadêmica de Humanas, chamada História. É um campo do saber filosófico. Portanto, conhecer a história e palpitar análise sobre ela é o que faz, via de regra, o senso comum daqueles que estudam e opinam: dos jornalistas, analistas, editores e comunicadores em geral aos palpiteiros das redes sociais; dos professores mais modestos aos doutores e grandes escritores; dos empresários pequenos e lutadores que se interessam por leituras de aprimoramento aos megainvestidores que posam de intelectuais; enfim, por uma massa sem término de instruídos, literalmente – e literariamente – DESINFORMADOS, que ignoram o saber específico que se pode abstrair com maior e melhor segurança analítica filosófica, à luz do estudo da História do Conhecimento (que penetra não só os fatos, mas, o conhecimento gerador dos fatos) e não apenas o mero conhecimento da História que conduz a ralas opiniões e palpites sobre fatos acontecidos e registrados, sem penetrar os conhecimentos que os geraram.
Dito isto, sou instado a lembrar o resumo de todas as análises compiladas que fiz em outras oportunidades, sob a ótica da Histórica do Conhecimento e não do conhecimento da História.
Considerando, pois, a bipolaridade direita/esquerda: capitalismo (liberal/conservador), baseado na ética protestante que justifica não o homem, mas, a prosperidade capital do homem; e o marxismo (socialista/comunista), fundado na ética ateia que justifica não o homem, mas, a prosperidade social do homem… volto à carga com esta síntese de antigas reflexões, uma vez que estamos há dias do pleito eleitoral que definirá se o Brasil submergirá no lodaçal de estupidez coletivizada ou se emergirá para tomar um fôlego e lutar penosamente, para livrar-se deste verdadeiro poço de esgoto movediço que é a ignorância institucionalizada.
Como dito de outras vezes, cravo novamente: além da péssima origem dos dois modelos mentais (capitalismo – liberal ou conservador – parido pelo ventre podre da heresia protestante; marxismo – socialista ou comunista – parido pelo outro ventre podre do erro ateísta), que geraram aquilo que se tem neste paradigma moderno do republicanismo pseudodemocrático (em que os representantes do povo não estão a serviço do povo, como fingem devotar suas vidas, mas, que na prática, submetem o povo ao deleite próprio dos poderes obtidos através dos votos que subvertem eletronicamente do povo), não podemos ignorar que o simples fato de propor uma justificação material (capital) ou imaterial (sócio-cultural) do homem, já é, de per si, um engodo.
Sim, engodo. Engodo porque a justificação do homem não pode se dar nem pela prosperidade capital do homem e nem pela prosperidade social do homem. Nem outra prosperidade qualquer correlata em âmbito estrito senso temporal.
Muitíssimo para além da mediocridade filosófica, teológica e histórica dos doutores modernos, que filosofam, teologam e historiam sob a égide pragmática do materialismo relativista das duas perspectivas imanentistas antagônicas (de novo: capitalismo, liberal ou conservador; marxismo, socialista ou comunista), a Reta Fé sempre ensinou, ensina e ensinará que a justificação do homem só se dá com Cristo, por Cristo e em Cristo, para a Glória de Deus Pai! (esta é a Grande Doxologia, radicada na Liturgia do Mistério do Sacrifício de Deus mesmo, na Cruz).
Todavia, como a força indômita das paixões já não pode ser contida na medida em que a pressão do gargalo aumenta com a aproximação tensa do pleito eleitoral, sou obrigado a olhar para os dois pólos ruins do modelo mental da modernidade ora instalado (sem cair na armadilha de pretender propor uma síntese hegeliana – outro devaneio filosófico da modernidade antimetafísica – entre o sujo e o mal lavado), e recorrer ao Santo Doutor Angélico, filósofo perscrutador das causas primeiras e dos efeitos a partir delas, Tomás de Aquino.
E recorrendo a Tomás de Aquino, que diante de uma forma mentis (modelo mental, aliás, expressão cunhada por ele também) tão ruim, que propõe dois modelos antagônicos um ao outro, sendo ambos de origens tão desconfiáveis (de novo: o capitalismo, liberal ou conservador, como posto na modernidade, que tem origem herética porque veio da péssima ética protestante do capital; e o marxismo, socialista ou comunista, que tem por origem a péssima obtusidade materialista histórica do ateísmo); e não só de origens tão desconfiáveis, sobretudo, com finalidades igualmente medíocres de justificação do homem pela prosperidade capital ou pela prosperidade social, resta-me aplicar a fórmula do Santo Doutor dita com outras palavras para se acomodar melhor ao que está posto: “Entre dois males inevitáveis, é preciso escolher o menor”.
Difícil, contudo, saber dizer o que é mal menor, no caso em questão: o anticristianismo da heresia protestante, que leva a uma idolatria subconsciente e ilusória ao dinheiro, por um lado; ou, por outro, o bestialismo do reducionismo histórico ateísta, que leva a uma idolatria subconsciente de uma sociedade igualitária (mera ilusão considerando que a marca indelével da natureza é a diferença e não a igualdade… o DNA irrepetível que o diga, dentre outros).
Todavia, ao destacar o antinaturalismo (essa ideia é crucial, haja vista as pautas persistentes contra a natureza das coisas), que está mais dramaticamente embutido na ideia torpe de igualar por baixo o ser que está dado, inclusive, para desenvolver-se, num progresso pessoal e coletivo, então, a partir disto, talvez possamos pinçar um mal maior neste imbróglio de pretensões antimetafísicas… (não fosse verdade isto, que a natureza impele a uma desigualdade intrínseca, já que obriga o desenvolvimento constante dela mesma, porque a modernidade se gaba tanto em julgar-se a “era da luz”, justamente por desenvolver-se rapidamente com tantos conhecimentos diversos – não iguais – acumulados? Desconfio dessa “luz”… e desconfio pelas fortes evidências de preternaturalidade nela… mas, isto já é outro tema…).
Voltando à vaca fria e moribunda, quase morta, dessa bipolaridade esquizofrênica que constitui a realidade que nos obriga escolher entre um mal maior e um mal menor, tenho que levar em consideração duas extravagâncias:
– os idólatras da prosperidade do capital, costumam errar pelo exagero desmedido (auto divinizante) da legitimação da diferença pelo progresso, ou seja, quanto mais progride, mais direito tem de progredir. É o que eu chamaria de “ética” (aspas por suspeição) da extrema desigualdade para justificar também de forma deformada e hiperbólica uma diferença para além dos limites do desenvolvimento (que tem por crença a ideia de evolução, que desconhece em tese limites definidos por natureza à própria natureza). A extravagância destes é, sim, perniciosa, claro. Contudo, o erro se dá pela busca do bem para além do próprio bem, seguindo, embora de modo equivocado, a lógica da própria natureza: tudo se desenvolve a partir das diferenças existentes intrinsecamente na substâncias das coisas (não nos esqueçamos do predomínio da MULTIcelularidade de todos os organismo que se desenvolveram dentro do que chamamos vida natural); e não das igualdades inexistentes na própria substância das coisas. Erram, portanto, na tentativa de acertar em linha com a inteligência intrínseca às coisas criadas, embora, acumulando desonestamente o que amealham desta quase justa tentativa de acerto, não fosse a pretensão de que isto, em alguma medida, pudesse justificar o homem (daí o mal inerente à ética protestante do capital. Ideia horrorosamente herética, de fato e por direito de tese).
– na outra ponta do cipó, os idólatras da prosperidade social, erram mais gravemente por se distanciarem da lógica intrínseca da necessária diferença geradora, inclusive, de progresso ou desenvolvimento. Não estou falando estrito senso, como gostam esses, de progresso social ou econômico ou cultural ou quaisquer outros progressos da sociedade. Estou falando do ímpeto intrínseco de todas as coisas e circunstâncias de progredirem por força de NATUREZA delas mesmas. Assim o é em todos os campos: da biologia de tudo, às economias e sociologias de todos e todos os demais etc, também. Portanto, a mecânica ANTINATURAL desse modelo mental à esquerda do espectro, traz em si não uma perversão de exagero para além da realidade substancial das coisas, mas, para aquém. E, neste processo, se instala como uma ameba unicelular que não se desenvolve para além disso, exatamente por não admitir a diversidade celular. Razão pela qual, este exagero igualitário socioeconômico (que se tenta justificar por hipérboles contraditórias de forçosas pseudos pluralidades sócio-culturais), é mais pernicioso porque interfere destrutivamente contra duas regras fundamentais da natureza, a saber:
– a regra intrínseca da pluralidade substancial de tudo, e não uma igualdade acachapante só existente em amebas unicelulares que não se desenvolvem para além disso, as quais, inclusive, quando instaladas no organismo humano que está sempre em processo de desenvolvimento – da incapacidade ao auge e do auge à incapacidade –, termina por causar diarreia contínua de excrementos infectados com inflamação, muco e sangue (desinteríase amebiana ou amebíase)… não se confunda aqui o falso pluralismo das raças, dos gêneros, etc, usado apenas como figura de retórica para impor uma “ditadura do relativismo” (para citar o conceito de Bento XVI) nestas ideologias: tanto as liberais, à direita do espectro; quanto as progressistas, à esquerda do espectro politico partidário;
– e a regra intrínseca da natureza em que, só existe como a conhecemos, em estado permanente de desenvolvimento de tudo o que há, repita-se em letras garrafais: DA INCAPACIDADE AO AUGE E DO AUGE À INCAPACIDADE.
Duvidando, portanto, que as mentes obtusas à direita, por orgulho intelectual invencível e, obtusas à esquerda, por ignorância invencível intelectual, irão julgar do enfadonho não prático ao pedante inútil, este meu esforço de traduzir que, entre os males inevitáveis postos, resta escolher o menor que julgo pelas razões acima expostas, então, concluo recorrendo aos argumentos mais práticos e lúcidos da precisa e sóbria análise abaixo, proferida pelo professor, que julgo intelectual de gabarito com régua quilométrica, que já foi confessamente de esquerda e agora se apresenta confessamente de direita, já que eu nunca fui nem de esquerda nem de direita nem de centro: sou de Cristo! Por isso: Deus acima de todos, sim! E de tudo, também!… quanto ao Brasil acima de tudo… nem tanto… nem tanto… o Brasil não é mais, por mais que possua muito mais… o Brasil não é menos, por mais que se apresente como muito menos que qualquer outra nação com direito de se organizar e constituir.
Vou com São Tomás de Aquino, ficando com quem representa, a meu juízo neste momento, o mal menor. Quem julgar por critérios de maior paixão que o mal menor seja a tão invocada causa do pobre (em causa própria) – que se explora como discurso de conveniência – me pergunto: porque invés de preferirem estudar nas universidades livres da América do Norte ou da Europa, não preferem estudar em Cuba, na Venezuela, na Coréia do Norte, na China… ou quem sabe morar lá, invés de importar para cá, o sistema que julgam eventualmente bem maior, mas, curiosamente, não lhes servem para apostar as próprias vidas, de modo livre, espontâneo e voluntário.
Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN (Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster)
Juiz de Fora