Somente neste ano 288 pessoas perderam a vida por causa da dengue no estado. Os dados atualizados nesta segunda, 22, pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostra que o número de óbitos é maior do que o registrado em 2016, que era até então o maior ano epidêmico. Na época o Estado somou 281 mortes.
Além disso, outros 730 óbitos seguem sob investigação. Ao todo, foram confirmados 495.490 casos de dengue este ano no Estado e outros 1 milhão e 100 mil são classificados como prováveis. Outro número inflamado se comparado com 2016 quando o número de casos prováveis somava 521.047 no Estado.
Em primeiro lugar no ranking de números absolutos, o estado responde, atualmente, por praticamente um em cada três casos prováveis da doença contabilizados em todo o país.
Como diferenciar a dengue clássica da dengue grave
Os sintomas iniciais da dengue clássica e da forma grave são semelhantes nos primeiros dias. De acordo com o Ministério da Saúde, qualquer pessoa com febre súbita (com temperatura alta, entre 39°C e 40°C) e pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, fadiga, dores musculares ou articulares, e dor nos olhos – deve procurar assistência médica imediatamente.
Para todos os que têm o diagnóstico confirmado, a hidratação é fundamental para evitar o agravamento do quadro.
A distinção entre os diferentes quadros – dengue clássica e dengue grave – geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia, especialmente quando a febre diminui. A forma grave antes era conhecida como ‘dengue hemorrágica’, mas o termo caiu em desuso pela comunidade médica, já que a hemorragia não é o único e nem o principal sintoma do quadro.
A dengue grave pode ser fatal. A principal causa de morte por dengue é o chamado “choque”, que se refere ao estado de choque circulatório. Nele, há uma queda acentuada da pressão arterial seguida de insuficiência circulatória grave. O quadro acontece quando líquidos escapam dos vasos sanguíneos e vão parar nos tecidos ao redor. Esse processo resulta em uma redução significativa da quantidade de sangue em circulação, o que pode causar complicações graves, incluindo a falência de múltiplos órgãos.
Sintomas da dengue grave:
– hipertensão postural, caracterizada pela sensação de tontura ao ficar em pé;
– fazer menos xixi, devido à diminuição do volume sanguíneo, o que resulta na insuficiência de volume para urinar;
– dor abdominal intensa e contínua;
– náuseas;
– vômitos persistentes;
– manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade;
– insuficiência cardíaca;
– e até problemas respiratórios.
Uma forma de identificar a dengue é a prova do laço positivo, quando o médico aperta o braço da pessoa com um torniquete e surgem pequenas manchas avermelhadas na pele, indicando sinal de hemorragia”, aponta o virologista Flávio Fonseca, professor no CTVacinas (centro de pesquisas em biotecnologia) e do Departamento de Microbiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A hemorragia mencionada pelo especialista também pode se manifestar como sangramento espontâneo na gengiva, boca, nariz, ouvidos ou intestino – sintomas considerados graves, que não necessariamente aparecerão em todas as pessoas com dengue grave.
Por que a dengue grave acontece?
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes circulantes no Brasil. Quando alguém é infectado por um deles, adquire imunidade contra aquele tipo específico, mas ainda fica suscetível aos demais. Por isso, uma pessoa pode pegar a doença mais de uma vez. De acordo com Felipe Naveca, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz “a infecção secundária por qualquer sorotipo aumenta o risco de desenvolver formas mais graves da doença. Este fenômeno já foi comprovado por diversos estudos”.
O quadro acontece porque os anticorpos produzidos contra o primeiro sorotipo da dengue podem facilitar a entrada do vírus na célula durante uma nova infecção por um sorotipo diferente, abrindo caminho para esse vírus causar sintomas mais graves.
De acordo com o Ministério da Saúde, todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, mas idosos e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, assim como aquelas com predisposição a hemorragias, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.