A reforma é um sonho antigo, diz Tiago Guimarães, presidente da Associação em Movimentos Artísticos de Santos Dumont (AMA-SD), desde 2012 com o projeto Feira com Choro, a AMA sempre namorou esse prédio no intuito de transformá-lo e deixa-lo mais seguro e receptivo.
O projeto idealizado pela AMA-SD, é executado em parceira com as empresas Pomar, Interarquitetura e Instituto Serra Verde com recursos captados através da Lei Rouanet, com o patrocínio da MRS Logística, e o apoio da Prefeitura Municipal de Santos Dumont.
A AMA-SD é uma associação que trabalha artisticamente valorizando o patrimônio cultural. Quando a gente coloca um projeto como o Feira com Choro, quando resgata um teatro ou coloca livros na praça, está trabalhando também o cultural. E o Centro Cultural tem essa alma. Desde sempre vários movimentos aconteceram lá, e por mais que se tenha pensando em uma reforma, ela não foi executada, apesar de novas pinturas, e outros paliativos, mas o principal que é o telhado, a parte elétrica, e toda a estrutura que o prédio precisava não foi executada – diz Tiago.
A Estação Central é Patrimônio Cultural e Turístico, diz Bruno Guillarduci, Coordenador do projeto, além da importância histórica do prédio, tem todo o contexto histórico sobre a ferrovia, o Trem de Prata, a Locomotiva Zezé Leone, o Museu Ferroviário, além de abrigar o Centro Cultural, e o Arquivo Público Municipal. A cultura e o turismo andam muito juntos. Alguns equipamentos culturais são usados para serem atrativos turísticos.
Ainda de acordo com Bruno, o projeto é dividido em duas etapas a parte externa e a interna. Nesse primeiro momento está sendo realizada a primeira etapa que compreende a parte externa, ou seja, a fachada, recuperando as esquadrias, pintura, reboco, telhado e a parte elétrica que era a principal preocupação, pois apresentava um grande risco de incêndio.
O projeto executado com recursos da Lei Rouanet, através do patrocínio da MRS contempla essa primeira etapa do projeto, que era vital para que o prédio não se deteriorasse mais. Com 90% das esquadrias restauradas, já feita toda a parte de aterramento e sistema de proteção atmosférica, agora a reforma da parte elétrica anda junto com o restauro do telhado, que já está 30% concluído.
Assim que esta parte for concluída será iniciada a pintura. Uma equipe de arquitetos especialistas em restauro fez uma prospecção gráfica e descobriu a cor original do prédio, dessa forma, a pintura terá a cor mais próxima possível da original.
A expectativa é que a primeira etapa do projeto seja concluída atém o final do ano. A conclusão, porém, não significa ainda que o prédio esteja pronto para uso. Pois, ainda é necessário a execução da segunda etapa para a recuperação do interior do prédio.
A segunda etapa foca na parte de reestruturação da parte interna. Qual será o uso do prédio. Nós temos o projeto aprovado com a possibilidade de execução, mas ainda não temos o recurso que precisa ser captado com empresas, diz o coordenador que completa, conseguindo o recurso, vamos reunir com a prefeitura para definir os espaços e fazer o projeto executivo de estruturação de cada um deles. Existe uma tendência a manter o Museu Ferroviário, o Arquivo Público Municipal e o Centro Cultural e os outros espaços serem usados como comerciais, porque ali precisa ter fluxo de movimento. Como está localizado em uma área central, oferecer espaços comerciais além dos atrativos turísticos, culturais e gastronômicos pode contribuir bastante para a recuperação física e social do prédio.
E esse diálogo, pontua Tiago, tem que ser feito não só com a Prefeitura, mas também com a sociedade que é quem vai consumir o que for colocado lá. A voz da sociedade será ouvida na pessoa do Conselho de Política Cultural da cidade, para debater de forma aberta com a participação de todos. A conversa com a sociedade é fundamental para definir a utilidade do espaço.
Bruno ressalta como esse restauro é um divisor de águas e pode vir a ser uma referência quando a sociedade civil se organiza, busca parcerias com empresas privadas e o poder público para executar uma obra de restauro estruturando um espaço cultural e comercial.
Lembrando grandes perdas históricas e patrimoniais recentes como o Museu Nacional no Rio de Janeiro e a Catedral de Notre-Dame em Paris, e lembrando o grande risco em que se encontrava o prédio da Estação, Tiago diz que toda tragédia impulsiona, mas não podemos esperar uma tragédia acontecer pra impulsionar. Devemos ficar de olho nas tragédias para impulsionar o diálogo, mas criar diálogos sem tragédia.
Ouça a entrevista na íntegra: