Desde o seu surgimento, na cidade chinesa de Wuhan (centro), até a intensificação de medidas internacionais de prevenção, confira as principais etapas da epidemia provocada pelo novo coronavírus chinês.
– Primeiros Casos –
Em 17 de novembro de 2019 é identificado um caso confirmado do novo coronavírus, de acordo com relatórios de 13 de março de fontes oficiais do governo chinês, mas não foi reconhecido na época. Pode ter havido pacientes anteriores, a busca por eles continua. Além desse caso inicial, entre 8 e 18 de dezembro, foram documentados sete casos mais tarde diagnosticados com COVID-19, dois deles vinculados ao mercado por atacado de produtos do mar de Huanan em Wuhan, cinco não.
O primeiro paciente, posteriormente diagnosticado com o COVID-19, apresentou sintomas pela primeira vez a 12 de dezembro de 2019 No entanto, a equipe de especialistas encontrou um caso anterior de um paciente que teve sintomas pela primeira vez a 1 de dezembro de 2019, apontando para uma origem ainda mais precoce, foi o que apontou em janeiro de 2020, o uma revisão dos registros médicos locais feito por uma equipe de médicos especialistas chineses encarregados de investigar o início do que é hoje conhecido como o Coronavírus Wuhan ou pneumonia de Wuhan. O relatório foi publicado no The Lancet em 24 de janeiro de 2020.
– Suspeitas e pesquisas –
A Televisão Central da China, rede pública de televisão aberta do país, reportou em uma transmissão no dia 12 de janeiro de 2020 que um “novo surto viral foi detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan, China, no dia 12 de dezembro de 2019. Epidemiologistas chineses juntamente ao Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças (CCCPD) publicaram um artigo em 20 de dezembro afirmando que o primeiro grupo de pacientes com “pneumonia de causa desconhecida” foi identificado em 21 de dezembro.
Em 24 de dezembro é reportada a primeira coleta de amostras do vírus para a realização de seu sequenciamento genético. No dia seguinte dois médicos em dois hospitais em Wuhan estão sob suspeita de infecção e foram colocados em isolamento.
Em 26 de dezembro, um laboratório identificou o coronavírus das amostras coletadas em 24 de dezembro como sendo o mais próximo ao coronavírus de síndrome respiratória aguda de morcegos, e em 27 de dezembro, a sequência praticamente completa das amostras anteriores foi finalizada e compartilhada ao Instituto de Biologia Patogênica, Academia Chinesa de Ciências Médicas & Faculdade de Medicina da União de Pequim (ACCM&FMUP).
Em 30 de dezembro, o relatório de sequenciamento genético do patógeno de um paciente indicou incorretamente a descoberta do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (coronavírus de SARS ) no resultado do teste. Após receberem o resultado do teste, diversos doutores em Wuhan compartilharam a informação pela internet, incluindo o oftalmologista do Hospital Central de Wuhan, Dr. Li Wenliang, que alertou os alunos de suas aulas de medicina através do fórum online WeChat que um grupo de sete pacientes que se tratavam no departamento de oftalmologia não haviam obtido sucesso no tratamento para sintomáticos de pneumonia viral e foram diagnosticados com SARS. Por não responderem aos tratamentos tradicionais, estes pacientes foram colocados sob quarentena num serviço de urgência do Hospital Central de Wuhan.
Notícias referentes a um surto de “pneumonia de origem desconhecida” começaram a circular nas mídias sociais. Os relatos afirmavam que 27 pacientes em Wuhan (em sua maioria vendedores do Mercado de Huanan) estavam em tratamento pela doença misteriosa. Mais tarde no mesmo dia, foi emitido um “comunicado de urgência sobre o tratamento de uma pneumonia de origem desconhecida” por parte da Administração Médica do Comitê Municipal de Saúde de Wuhan.
Foi notificado que desde o começo de dezembro, “uma série sucessiva de pacientes com uma pneumonia sem explicação”: 27 casos suspeitos no total, sete dos quais estavam em condição crítica e 18 em condição estável, sendo que dois receberiam alta em breve. Investigações iniciais em relação à pneumonia descartaram a hipótese de ser gripe sazonal, SARS, MERS e gripe aviária.
– Primeiro alerta –
O primeiro alerta foi recebido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro de 2019. As autoridades chinesas alertaram para o surgimento de uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan, de 11 milhões de habitantes. As primeiras análises de sequenciamento do vírus, em 7 de janeiro, permitem à OMS identificar o novo coronavírus.
– Primeira morte e primeiro caso fora da China –
Autoridades chinesas de saúde anunciam a primeira morte de um paciente com o vírus em 11 de janeiro. No dia 13, a OMS notificou o primeiro caso de uma pessoa infectada fora da China, na Tailândia: uma mulher com pneumonia leve que voltava de uma viagem a Wuhan.
– Transmissão humana –
Em 20 de janeiro, o cientista chinês Zhong Nanshan confirmou que a doença é transmitida entre humanos. Mais da metade das províncias chinesas são afetadas, incluindo Pequim, Xangai e Shenzhen. No dia 21 é detectado o primeiro caso nos Estados Unidos.
– Wuhan isolada do mundo –
No dia 23 de janeiro, trens e aviões partindo de Wuhan foram suspensos, e as rodovias, bloqueadas. Pequim anuncia o fechamento da Cidade Proibida após o cancelamento das festividades de Ano Novo na capital. Hong Kong relata seu primeiro caso suspeito.
– A OMS reconhece “emergência na China” –
No dia 24, são informadas duas mortes na China em uma região longe do epicentro da epidemia. São confirmados os primeiros três casos na França, os primeiros na Europa.
– 56 milhões de pessoas confirmadas –
No dia 25, o governo chinês ordena medidas nacionais de detecção de coronavírus em trens, ônibus e aviões. Além de Wuhan, quase toda a província de Hubei e seus 56 milhões de habitantes são isolados do mundo. Hong Kong decreta o nível máximo de alerta de saúde.
No dia 26, Pequim suspende viagens na China e para o exterior. Grandes cidades como Pequim ou Xangai suspendem as linhas de ônibus de longa distância. No dia 27 de janeiro, o vírus causa a primeira morte em Pequim. A China prorroga até 2 de fevereiro as férias do Ano Novo, que anualmente gera centenas de milhões de viagens no país.
– Evacuações –
Em 29 de janeiro, centenas de cidadãos americanos e japoneses são retirados de Wuhan em voos fretados. Dois dias depois, a União Europeia começa a repatriar seus cidadãos. Várias companhias aéreas suspendem seus voos de e para a China continental. Empresas como Toyota e Apple fecham seus pontos de venda ou plantas de produção.
– Emergência internacional-
No dia 30, Paris anuncia um sexto caso na França, o primeiro de contágio em solo francês. A Rússia anuncia o fechamento dos 4.250 km de fronteira com a China. A OMS qualifica a epidemia de “emergência de saúde pública de alcance internacional”, mas considera que não é necessário limitar as viagens e o comércio com a China.
– Primeiro morto no exterior –
Em 3 de fevereiro, a OMS anuncia o registro nas Filipinas do primeiro morto fora da China. O Banco Central chinês anuncia que injetará o equivalente a 156 bilhões de euros para apoiar a economia, arrasada pela epidemia.
– Um morto em Hong Kong –
Em 4 de fevereiro, um cidadão de Hong Kong se torna o segundo morto fora da China continental. Em Wuhan, um hospital construído em dez dias recebe os primeiros pacientes. Confirmado o contágio de um belga repatriado da China.
– Mais países registram casos –
No mesmo dia 4 de fevereiro, surgiram em Portugal dois casos suspeitos, ambos portugueses, um de 40 anos e outro de 44 anos. O português de 40 anos já estava sob vigilância das autoridades de saúde, tendo estado com um grupo de alemães que integraram uma formação com um doente da China. O de 44 anos é residente na grande Lisboa.
– Cruzeiros contaminados –
No dia 5 de fevereiro, o grupo aeronáutico Airbus anuncia o fechamento de sua fábrica de montagem do A320, perto de Pequim. Milhares de passageiros estão em quarentena em dois navios de cruzeiro perto de Tóquio e Hong Kong, após a descoberta de casos de coronavírus. O Japão confirma 10 novos casos, aumentando o número total para 33 casos, advindo do navio de cruzeiro em quarentena perto de Yokohama. Existem mais de 3500 a bordo para serem testados.[3]
A Coreia do Sul confirmou mais três casos de nCoV-2019, incluindo dois pacientes que voltaram de Singapura. Isto leva a que o total de casos ascenda aos 19. As companhias aéreas suspendem voos para Hong Kong.
No dia 6, a Arábia Saudita proíbe formalmente viagens à China para sauditas e seus residentes estrangeiros. Na China, os trabalhadores de uma fábrica gigante que produz iPhones são informados que ficarão em quarentena por pelo menos uma semana depois de voltarem de férias em meados de fevereiro.
– Aumentam o número de casos pelo mundo –
Ainda no dia 6, Hong Kong confirma mais três casos, totalizando 24. O Japão confirmou mais dez dos passageiros abordo do navio de cruzeiro Diamond Princess, que se encontra em quarentena em Yokohama, elevando o total a 45 infetados.
A Malásia confirma mais dois casos, totalizando 14. Um dos casos tratou-se de uma transmissão local, a primeira na Malásia. Singapura confirma mais dois casos, elevando o total a 30. Taiwan anunciou mais três casos, elevando o total 16. O Vietnam confirma dois casos adicionais, elevando o total a 12. A Alemanha confirma o seu 13º caso e a Itália o seu 3º caso, elevando o total de casos confirmados na Europa para 31. E no Reino Unido Foi confirmado o terceiro caso, tendo o paciente visitado Singapura.
– Morte de médico que lançou alerta –
No dia 7 de fevereiro, os números pelo mundo continuam a aumentar e o médico de Wuhan, Li Wenliang, punido por dar o alerta sobre o aparecimento do vírus, sucumbe à epidemia, aumentando a raiva popular na China. O número de casos de coronavírus observados no navio de cruzeiro em quarentena no Japão sobe para 61.
O presidente chinês Xi Jinping garante a Donald Trump que seu país é “totalmente capaz” de derrotar o coronavírus. “O mundo enfrenta uma falta crônica de equipamentos de proteção individual”, alerta a OMS.
– Brasileiros Resgatados –
Em 9 de fevereiro são resgatados 34 brasileiros brasileiros da China e entram em quarentena na Base Aérea de Anápolis em Goiás.
– Covid-19 –
Em 11 de fevereiro, a OMS decide dar oficialmente o nome de Covid-19 à infeção provocada pelo novo coronavírus. No dia 13, as autoridades chinesas mudam a forma de contabilizar e assumir casos de infeção. Passam a contar não apenas os casos com confirmação laboratorial, mas também os que têm confirmação clínica apoiada por exames radiológicos.
– Mais mortes fora da China –
A Segunda morte confirmada fora da China, aconteceu no Japão no dia 14 de fevereiro. Dois dias depois é confirmada a terceira morte fora da China, num turista chinês que visitava França. No dia 19, a agência estatal iraniana IRNA confirma que dois iranianos morreram devido ao Covid-19.
– Mudança na contagem –
Em 20 de fevereiro as autoridades chinesas voltam a alterar a metodologia da contagem de infetados, uma decisão que se reflete numa descida acentuada no número de novos casos. Neste mesmo dia a Coreia do Sul regista a primeira morte.
– Início do Fim ou novo começo? –
Em 21 de fevereiro as Autoridades chinesas anunciam que surto está “sob controle”, porém a Itália regista primeira vítima fatal, um italiano de 78 anos.
– Começam as atitudes para controlar a disseminação –
No dia 22, o Irã fecha escolas, universidades e centros educativos em duas cidades. Autoridades confirmam mais de 40 casos de infeção e oito mortes. No dia 23, autoridades japonesas confirmam que um português, Adriano Maranhão, canalizador no navio Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama, acusou teste positivo ao vírus da infeção Covid-19.
Nesta altura, cabe apenas ao Presidente da China, Xi Jiping, admitir que o surto é a mais grave emergência de saúde no país desde a fundação do regime comunista, em 1949.
As autoridades italianas ordenam a suspensão dos festejos do Carnaval de Veneza, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que epidemia coloca em risco a recuperação econômica mundial e manifesta disponibilidade para ajudar financeiramente os países mais pobres e vulneráveis.
A Comissão Europeia anuncia mobilização de 230 milhões de euros para apoiar a luta global contra o Covid-19. E o Diretor-geral da OMS avisa que o mundo tem de se preparar para uma “eventual pandemia”, considerando “muito preocupante” o “aumento repentino” de casos em Itália, Coreia do Sul e Irã.
– Primeiro caso no Brasil –
No dia 23, os brasileiros que estavam em quarentena em Anápolis são liberados. Em 24 de fevereiro as Bolsas em todo mundo caem por causa do avanço da doença na Itália e na Coreia do Sul. A Itália cancela diversos eventos e no Brasil passam a ser monitorados todos que chegam da Itália.
No dia 26 de fevereiro, em plena quarta-feira de cinzas, um dia depois do carnaval, o Brasil confirma o primeiro caso de contágio, um homem de 61 anos, residente em São Paulo, regressado recentemente do norte de Itália, na região de Lombardia. Este foi também o primeiro caso na América do Sul.
Neste mesmo dias vários países também confirmam os primeiros casos, entre os eles Grécia, Finlândia, Macedônia do Norte, Geórgia e Paquistão.
OMS revela que o número de novos casos diários confirmados no resto do mundo ultrapassou pela primeira vez os registados na China.
Fontes: Estado de Minas, Estadão e Correio da Manhã